Por videomonitoramento, a Polícia Civil de São Gabriel do Oeste, ainda nesta segunda-feira (05), identificou o autor de um furto profano em igreja católica do município que fez um limpa no templo e levou desde a mesa de som até objetos tidos como "santos".
Entre os objetos subtraídos de dentro da igreja estavam uma maleta com a central e dois microfones; uma mesa de som, além de itens mais familiares aos religiosos católicos, como um ostensório, patenas e uma galheta.
Conforme a polícia civil, as investigações começaram assim que a Delegacia Civil do município tomou conhecimento dos fatos. Trabalho conjunto com o sistema de videomonitoramento do município indicaram rapidamente o autor desse crime.
Segundo repassado pelo delegado titular, Matheus Vidal, esse tipo de furto a templos religiosos não são comuns no município e, quanto ao perfil do autor, trata-se de um usuário de drogas já conhecido do meio policial.
Diante disso, o delegado descarta que o crime tivesse algum cunho religioso, ou de que poderia se tratar de um indivíduo conhecedor da liturgia que sabia o que e onde procurar.
Localizado, o indivíduo confessou ter praticado esse delito, sendo que alguns objetos furtados da igreja, como o próprio ostensório, ainda estavam em sua posse. Ele ainda indicou aos policiais onde escondeu a mesa de som e os microfones, catalogados como objetos de altíssimo valor.
Com isso, ele foi indiciado pela prática de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo e os objetos entregues ao responsável pela igreja. Ainda assim, o crime chama atenção, pois muitos desses itens não ficam dispostos em qualquer lugar.
Sendo o item que mais chama atenção entre os furtados, por seu aspecto dourado e ornamentações brilhantes, como se fosse um sol colocado em cima de um pedestal, o Ostensório (conhecido também como "custódia") é comumente usado para expôr a hóstia consagrada no altar, ou durante procissões.
Vale destacar que a forma solar é apenas o mais conhecido entre os diversos formatos de ostensórios, que são feitos a partir de materiais nobres. Como destaca o "Dicionário de Símbolos" - publicado pela editora Paulus -, o item deve ser: "ricamente decorado, composto de um pé, haste, nó para segurar a caixa envidraçada, na qual se coloca a hóstia consagrada presa em um dispositivo em forma de meia-lua, chamado 'luneta'".
Nomeado conforme a palavra de origem latim "ostendere", que significa "expôr", o ostensório tem sua origem datada entre os séculos XII e XIV (13 e 14), quando a humanidade introduzia os costumes da procissão do Corpo de Cristo com exposição do Santíssimo.
Ou seja, esses itens não integravam as "alfaias" - como também são conhecidos os objetos litúrgicos - nos primeiros séculos da igreja católica, surgindo apenas na Idade Média com o culto de Corpus Christi.
Também cabe esclarecer que "patenas" tratam-se dos pequenos pratos usados na consagração do pão e distribuir a comunhão, enquanto as "galhetas" são os recipientes de vidro usados para colocar água e vinho.
Além disso, comercialmente, apenas o ostensório é encontrado por valores que giram entre R$ 990 até mais de R$ 5 mil, já que normalmente são feitos de prata; ouro e prata dourada, frequentemente combinados. Há casos mais raros em que a composição é feita em madeira dourada.
Leo Ribeiro/CorreioDoEstado