Mais de 91 mil indígenas de Mato Grosso do Sul vivem em situação de precariedade e sem acesso a saneamento básico, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Censo Demográfico 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Esses números equivalem a 78,8% dos indígenas que sobrevivem sem acesso ao descarte de lixo e à água canalizada, como poço, fonte, nascente ou mina; à ausência de destinação do esgoto para rede geral, pluvial ou fossa séptica; e à ausência de coleta direta ou indireta por serviço de limpeza.
De acordo com a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes, o principal fator que influencia esses resultados é a distância geográfica e a adaptação dos serviços de saneamento às terras indígenas.
“Um dos principais problemas é o desafio logístico que é garantir o saneamento básico e culturalmente adequado nas terras indígenas. Por isso, é preciso adaptar as soluções para saneamento básico, como, por exemplo, fazer fossas que permitam um descarte adequado sem precisar se ligar à infraestrutura geral, que às vezes existe de forma mais distante da realidade dessas terras”
Segundo o IBGE, a coleta de lixo atinge menos de 5% dos indígenas.
Em Mato Grosso do Sul, dentre os 41.279 domicílios indígenas, apenas 52% têm como destino do seu lixo a coleta por serviço de limpeza ou caçamba, um aumento em comparação aos 32,4% vistos em 2010.
Alfabetização é menor do que a média em MS
Os resultados do Censo Demográfico 2022 mostram que 70.345 indígenas sabem ler e escrever e 9.903 não tinham estudos.
De acordo com o IBGE, a taxa de alfabetização da população de Mato Grosso do Sul é de 87,66% em 2022, abaixo da taxa total da população do estado, que foi de 94,61% para indígenas de 15 anos ou mais.
A taxa de analfabetismo dos indígenas no estado foi de 12,34% deste contingente populacional, percentual acima da taxa do total populacional do estado, que foi de 5,39%.
Segundo o IBGE, o estado de Mato Grosso do Sul ocupa hoje a 10ª colocação. O Rio de Janeiro, com 95,05%, seguido do Distrito Federal (94,50%), está no topo da lista.
O Maranhão aparece na última colocação, com 72,56% de pessoas indígenas alfabetizadas nessa faixa etária.
Homens indígenas são os mais alfabetizados
Em comparação entre sexos, a taxa de alfabetização das mulheres indígenas é de 83,38%, enquanto fora das TI (Terras Indígenas) é de 94,76%. Para os homens, a taxa de alfabetização dentro das TI é de 87,23% e, fora, de 94,86%.
Ao considerar pessoas indígenas não alfabetizadas nessa mesma faixa de idade, chega-se ao cálculo da taxa de analfabetismo.
Entre os estados, Mato Grosso do Sul apresenta um percentual de 12,34%, ocupando o décimo sétimo lugar, enquanto o Maranhão (27,44%), o Acre (23,99%) e o Piauí (22,38%) ocupam as primeiras posições.
O Rio de Janeiro (RJ) apresenta o menor percentual de pessoas indígenas nessa mesma condição e faixa de idade, com 4,95%, seguido do Distrito Federal (5,50%) e de São Paulo (5,57%).
Entre os municípios de MS, aqueles que apresentaram os maiores índices de analfabetismo entre as pessoas indígenas de 15 anos ou mais foram Santa Rita do Pardo (40,00%), Caracol (33,33%) e Figueirão (28,67%).
De acordo com os dados do IBGE, Campo Grande ocupa a nona posição, com 4,55%.
João Gabriel Vilalba/CorreioDoEstado