Nos primeiros três meses deste ano, Mato Grosso do Sul registrou 3.763 casos confirmados e 6 óbitos por dengue. A epidemia da doença em estados vizinhos colocou a Saúde de Mato Grosso do Sul em alerta, e fez com que o combate aos focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, fosse intensificado.
O cenário, se comparado com os primeiros três meses do ano passado, é positivo em Mato Grosso do Sul, já que no período haviam sido confirmados 9.296 casos e 8 óbitos da doença, o que indica que, em 2024, o número de casos confirmados teve redução de 59,5%.
Com relação aos óbitos, a queda foi de 25%.
Apesar da diminuição nas notificações, os cuidados não devem ser deixados de lado, principalmente aqueles de responsabilidade da população, que deve estar atenta aos criadouros do mosquito - que deposita os ovos em água parada - eliminação esses reservatórios, sempre que possível, ou os mantendo totalmente cobertos com telas/capas/tampas.
Três das seis vítimas de dengue deste ano eram crianças. A última morte, confirmada nesta semana, é de uma criança de 7 anos, que residia em Dourados.
Além do último caso, morreram pela doença uma bebê de 1 mês, de Maracaju, sendo o primeiro óbito confirmado por dengue no ano, em fevereiro, e um menino de 1 ano, de Laguna Carapã, que teve a morte confirmada no dia 18 de março.
As outras três vítimas tinham idades de 81 anos, 73 e 33, moradoras de Chapadão do Sul, Coronel Sapucaia e Dourados, respectivamente.
O perfil das mortes é bem diferente do verificado no mesmo período do ano passado, quando nenhuma das vítimas tinha idade inferior a 12 anos. Confira:
Fonte: Boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES) de 29 de março de 2023
Em fevereiro, foi iniciada a vacinação contra a dengue na rede pública de saúde. A Qdenga é aplicada gratuitamente em crianças/adolescentes de 10 a 14 anos.
Quem está fora da faixa etária classificada como prioritária deve procurar a vacina na rede particular.
A Qdenga previne exclusivamente casos de dengue e não protege contra outros tipos de arboviroses, como Zika, Chikungunya e febre amarela.
O esquema completo da vacina é composto por duas doses, a serem administradas por via subcutânea com intervalo de 3 meses entre elas. Quem já teve dengue também deve tomar a dose.
Para quem apresentou a infecção recentemente, a orientação é aguardar 6 meses para receber o imunizante. Já quem for diagnosticado com a doença no intervalo entre as duas doses deve manter o esquema vacinal, desde que o prazo não seja inferior a 30 dias em relação ao início dos sintomas.
Em todo o ano passado, 42 pessoas morreram de dengue no Estado, número 75% superior ao registrado em 2022 (24), e 200% maior do que o registrado em 2021 (14).
Fonte: SES
No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática, apresentar quadro leve, sinais de alarme e de gravidade.
Normalmente, a primeira manifestação da doença é a febre alta, superior a 38º, de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele. Também podem acontecer erupções e coceira na pele.
Os sinais de alarme são assim chamados por sinalizarem o extravasamento de plasma e/ou hemorragias que podem levar o paciente a choque grave e óbito.
A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
SINAIS DE ALARME
Os sinais de alarme são caracterizados principalmente por:
A fase crítica tem início com o declínio da febre (período de defervescência), entre o 3° e o 7° dia do início de sintomas. Os sinais de alarme, quando presentes, ocorrem nessa fase. A maioria deles é resultante do aumento da permeabilidade capilar.
Essa condição marca o início da piora clínica do paciente e sua possível evolução para o choque, por extravasamento plasmático. Sem a identificação e o correto manejo nessa fase, alguns pacientes podem evoluir para as formas graves.
Os casos graves de dengue são caracterizados por sangramento, disfunções de órgãos ou extravasamento de plasma. O choque ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido pelo extravasamento, habitualmente entre o 4º e o 5º dia no intervalo de 3 a 7 dias de doença , sendo geralmente precedido por sinais de alarme.
Mulheres grávidas, crianças e pessoas mais velhas (acima de 60 anos) têm maiores riscos de desenvolver complicações pela doença.
Os riscos aumentam quando o indivíduo tem alguma doença crônica, como asma brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme, hipertensão, além de infecções prévias por outros sorotipos.
Busque ajuda!
Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos oferecidos de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O vírus da dengue (DENV) pode ser transmitido ao homem principalmente por via vetorial, pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas, no ciclo urbano humanovetorhumano. Os relatos de transmissão por via vertical (de mãe para filho durante a gestação) e transfusional são raros.
Deve-se reduzir a infestação de mosquitos por meio da eliminação de criadouros, sempre que possível, ou manter os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos com telas/capas/tampas, impedindo a postura de ovos do mosquito Aedes aegypti.
Medidas de proteção individual para evitar picadas de mosquitos devem ser adotadas por viajantes e residentes em áreas de transmissão. A proteção contra picadas de mosquito é necessária principalmente ao longo do dia, pois o Aedes aegypti pica principalmente durante o dia.
Recomenda-se as seguintes medidas de proteção individual:
O tratamento para infecção pelo vírus dengue é baseado principalmente na reposição volêmica adequada, levando-se em consideração o estadiamento da doença (grupos A, B, C e D) segundo os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, assim como no reconhecimento precoce dos sinais de alarme.
Para os casos leves com quadro sintomático recomenda-se:
Os pacientes que apresentam sinais de alarme ou quadros graves da doença requerem internação para o manejo clínico adequado. Ainda não existe tratamento específico para a doença.
A dengue, na maioria dos casos leves, tem cura espontânea depois de 10 dias.
É importante ficar atento aos sinais e sintomas da doença, principalmente aqueles que demonstram agravamento do quadro, e procurar assistência na unidade de saúde mais próxima.
O indivíduo pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque pode ser infectado com aos quatro diferentes sorotipos do vírus. Uma vez exposto a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, o indivíduo passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico, ficando ainda susceptível aos demais.
**Com informações de Ministério da Saúde.
Alanis Netto/CorreioDoEstado