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Mais da metade das crianças de MS tem alguma vulnerabilidade, de acordo com relatório

Unicef aponta que pobreza infantil diminuiu entre 2019 e 2022, mas índices continuam altos no Estado

Publicada em 13/10/2023 às 12:19h

por Redação


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Mais da metade das crianças de MS tem alguma vulnerabilidade, de acordo com relatório
Crianças e adolescentes de comunidades de bairros, como a antiga ocupação da Homex, não têm saneamento nem escola por perto  (Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado)

Em Mato Grosso do Sul, cerca de 63% das crianças e dos adolescentes entre 0 e 17 anos têm alguma vulnerabilidade relacionada a educação, moradia, informação (internet e televisão), água, saneamento ou renda familiar.

Em comparação entre 2019 e 2022, dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontam que houve uma redução de 3% nesse índice, já que no primeiro ano 66,3% das crianças estavam em situações precárias. 

De acordo com o relatório “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil”, divulgado pelo Unicef, 332,6 mil crianças, representando 43,96% do grupo, enfrentam desafios relacionados à falta de acesso a condições sanitárias adequadas.

Quanto à educação, o estudo avalia que, em Mato Grosso do Sul, 11,35% das pessoas com até 17 anos tiveram privações em 2022.

O acesso à moradia apresentou desafios para 7,96% da população nessa faixa etária, enquanto o acesso à água e à informação mostrou desempenho mais satisfatório, registrando 1,52% e 1,53% de privações, respectivamente.

No aspecto da escassez de recursos financeiros, 26,08% vivem em situação de pobreza intermediária, o que se traduz em pelo menos 116,9 mil crianças. 

O relatório estabelece que a dimensão financeira diz respeito ao número de crianças e adolescentes que vivem com recursos abaixo do mínimo necessário para satisfazer suas necessidades (R$ 541 mensais por pessoa em áreas urbanas e R$ 386 em áreas rurais).

Outras 30,4 mil crianças (4%) vivenciam o cenário mais crítico, caracterizado pela privação extrema, que ocorre quando a renda por pessoa é inferior a R$ 220 na cidade e R$ 180 em áreas rurais.

CAPITAL

Em Campo Grande, diversas comunidades enfrentam dificuldades diariamente pela falta de estruturas regularizadas, de escolas, moradia e saneamento. Esse é o caso da Comunidade Homex, considerada a maior ocupação irregular de Mato Grosso do Sul, com mais de 1.500 famílias. 

Em março deste ano, a Prefeitura de Campo Grande sancionou o Projeto de Lei nº 10.885/2023, que regulariza a área da Homex, localizada na região do Jardim Centro-Oeste. Além disso, apenas em julho deste ano os residentes começaram a obter energia elétrica regularizada. 

A reportagem do Correio do Estado esteve na comunidade para conversar a respeito das vulnerabilidades enfrentadas pelos residentes do local. Aparecida da Silva, 38 anos, relatou que tem quatro filhos e não há escola perto da comunidade, dificultando a educação de seus filhos. 

“Aqui não tem nenhuma escola, só para lá, nos outros bairros vizinhos”, queixa-se. 

“Podiam arrumar um jeito de colocar uma escola aqui. Os acessos estão tudo para lá, Jardim das meninas, Centro-Oeste. Para cá, não tem escola. De escolas, precisamos muito, ainda mais estadual, que aqui não tem”, acrescenta Aparecida.  

Ela ainda revela que ainda não sabe onde a filha vai estudar quando ela for para o Ensino Médio, que só é ofertado pelo Estado, já que há escolas estaduais próximas à comunidade. 

“Por exemplo, um dos meus filhos, que está no 9º ano, no próximo ano ele ainda vai ficar na escola antiga, porque senão vai ter que ir estudar lá nas Moreninhas, porque ali na Cohab a escola está em decadência, tem muita bagunça, bandidagem, e as pessoas não aconselham estudar lá”, relata.

A comunidade onde vive Aparecida ainda enfrenta problemas no acesso ao saneamento básico. Ela conta que a rede de esgoto não chegou à Homex, mas que há promessas de chegar. 

“Aqui, no momento, ainda não chegou, mas está vindo. Essa parte de infraestrutura é complicada, não tem asfalto”. 

Elizângela da Silva Pereira e Rafael Cintra Rodrigues relatam que o que mais falta na região é uma escola estadual para que os pais possam trabalhar enquanto os filhos ficam na escola.

“Precisamos de um colégio com urgência aqui. Nós precisamos muito de uma escola estadual e uma boa escola municipal. Isso pode ser confirmado por qualquer pessoa que você falar aqui.

Porque as pessoas não estão mais precisando de doação. Aqui, estão precisando trabalhar, o que foi feito para cá já foi feito. Porque, se tiver uma escola, uma creche, o pessoal vai poder trabalhar”.

O casal ainda argumenta que, para conseguir estudar, seus filhos precisam fazer longa caminhada para chegar à escola mais próxima, além disso, há muitas crianças na comunidade que não frequentam nenhuma escola em virtude da distância e da falta de vagas. 

Com isso, diversas famílias que vivem na favela da Homex acabam não trabalhando para não deixar os filhos sozinhos o dia todo, até porque eles têm dificuldades de acesso a escolas e creches. 

“Porque aqui existem mulheres que não trabalham porque têm filho. Mesmo quando elas têm uma criança mais velha, algumas não vão para o trabalho”, relata.

“Aqui os meninos grandes não vão estudar porque é longe e ficam muito tempo andando ou dentro do ônibus, daí eles não vão para a escola, ficam sem estudar”, conclui Elizângela.

Ana Karla Flores - Judson Marinho/CorreioDoEstado










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