O sonho da graduação e o pesadelo da dívida. Em Mato Grosso do Sul, segundo dados do MEC (Ministério da Educação), há 24.375 ex-acadêmicos de universidades privadas com as parcelas do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) em atraso. Ao todo, são R$ 228 milhões em débitos com mais de 90 dias sem pagamento.
O ministério tem números compilados desde 2019, quando foi iniciado pelos agentes financeiros do fundo, o encaminhamento do dado denominado “Saldo Devedor em Atraso”. De lá para cá, o total de inadimplentes saltou quase 30%, saindo de 18.804 para 24.375. Os valores em aberto saíram de R$ 57,2 milhões para os atuais R$ 228 milhões, aumento de 300%.
Para a advogada Suedi Aparecida, 27 anos, a principal dificuldade é que o valor das parcelas aumentou. Isso porque no contrato inicial ela pagaria R$ 420,00, mas está pagando agora R$ 570,00. “Tenho conseguido pagar, mas com dificuldade porque as parcelas previstas em contrato eram menores das que esse estão vindo e tenho muito dificuldade de contato também para para mudar a data de vencimento ou negociar”, reclamou.
Ela se formou em 2018, mas passou a fazer os pagamentos somente no ano passado por conta das suspensões impostas pela pandemia. “Ainda preciso pagar quase R$ 80 mil. Já paguei 21 parcelas e faltam uns 13 anos de parcelas ainda”, comenta. Segundo a advogada, a única explicação que ela teve sobre o reajuste foi de que há mudança de acordo com cada semestre da graduação.
Conforme o MEC, há 2.847 contratos ativos do Fies em Mato Grosso do Sul, dos quais 547 foram celebrados este ano. Vale destacar que, ano a ano, a quantidade de acordos assinados tem diminuído. Para se ter uma ideia, em 2015, foram celebrados 5.759, 3.459 no ano seguinte e 2.635 em 2017. Depois disso, o número de contratações permaneceu na casa das centenas: 987 em 2018; 855 em 2019; 640 em 2020; 606 em 2021; 568 em 2022; e apenas 547 este ano.
Quantidade de contratos do Fies celebrados em MS, ano a ano. (Fonte: MEC)
Financiamento - O Fundo de Financiamento Estudantil é um programa do Ministério da Educação que tem como objetivo conceder financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos.
A partir de 2018, o Fies possibilita juros zero e uma escala de financiamento que varia conforme a renda familiar do candidato e é necessário possuir renda familiar mensal bruta, por pessoa, de até 3 (três) salários mínimos.
Poderá se inscrever no financiamento o candidato que tenha participado do ENEM, a partir da edição de 2010, e tenha obtido média aritmética das notas nas provas igual ou superior a 450 pontos e nota superior a zero na redação.
Lucia Morel/CampoGrandeNews
