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Situação indígena é tensa no Mato Grosso do Sul, dias antes de visita da ministra Sônia Guajajara

Conflitos por reivindicação de território se intensificam no Estado e até helicóptero é usado para "intimidar" povos Kaiowá em acampamento de Naviraí

Publicada em 17/03/2023 às 15:57h

por Redação


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Situação indígena é tensa no Mato Grosso do Sul, dias antes de visita da ministra Sônia Guajajara
Indígenas tiveram confronto e viveram momentos de pânico após helicóptero sobrevoar região de acampamento  (Foto: Reprodução)

Dias antes da visita da ministra dos Povos Indígenas à Mato Grosso do Sul, a situação dessas comunidades originárias no Estado segue tensa e, principalmente, por conta da reivindicação de territórios, o clima que Sônia Guajajara (PSOL) encontrará não deve ser dos mais amigáveis. 

Ainda na quinta-feira (16), dois dias antes da chegada de Guajajara ao MS, um conflito entre policiais militares e indígenas do Acampamento Kurupi - localizado nas margens da BR-163, em Naviraí -, gerou momento de pânico para as crianças e familiares desses povos originários, já que um helicóptero passou a "rondar" o território após o confronto. 

Como indica a Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani, Aty Guasu, os PMs estariam fazendo a escolta de locatários/fazendeiros, que desmatavam Área de Preservação Permanente (APP). 

"Os indígenas foram até o local e a PM iniciou disparos. Agentes da vigilância Sanitária confirmaram que ouviram os disparos e o início de confusão quando estiveram no local, em trabalho de rotina está tarde. Os Kaiowá temem tanto ataques quanto tentativa de criminalização de suas lideranças", expõe a Assembleia. 

Também o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) relata o começo do confronto, que iniciou com a surpresa dos indígenas com a presença de trator e veículos advindos da fazenda Tejuy. 

Em direção ao limite do acampamento Kurupi, conforme o Cimi, frota tinha o intuito de avançar com o desmatamento que fazendeiros promovem em uma área que, segundo os indígenas, é de preservação permanente.

Justamente desse ponto de desmatamento, a comunidade extrai remédios e materiais. Por esse motivo, indígenas foram ao encontro do grupo, quando observaram a companhia de veículos da PM junto aos civis. 

Liderança indígena, identificada como ‘Guyra Verá Saiju', explica que o grupo de brancos e policiais se dirigiram em direção à sede fazenda, quando os habitantes originários buscaram “conversar com os policiais para impedir que machucassem a mata da comunidade”.

Desse momento em diante, conforme relatos, o que se viu foram cenas de disparo de arma de fogo e avanço da polícia sobre os indígenas, que recuaram novamente para o acampamento.

Durante a noite, enquanto disparos seguiam sendo ouvidos, um helicóptero passou a sobrevoar a área indígena, botando medo nas crianças até as lideranças serem obrigadas a se proteger na mata.

Ainda, o Cimi classifica o caso como semelhante aos episódios narrados pelas comunidades Kaiowá da Reserva de Dourados, onde policiais "dão guarida e escoltam proprietários e sitiantes que despejam veneno e avançam com plantações até o limite das casas dos indígenas".

Importante frisar que o Comando da Coorporação da PM em Naviraí foi procurado para comentar o assunto, porém a ligação não foi respondida e militares não quiseram reportar o ocorrido. Também a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) foi acionada, entretanto, não foi obtida resposta até o fechamento da matéria.

Visita da ministra

Em coletiva na manhã desta sexta-feira (17), o governador Eduardo Riedel (PSDB) afirmou que receberá Sônia Guajajara e equipe, numa agenda coletivo - do Executivo Estadual e do Legislativo (deputados federais e estaduais) - juntos da comitiva da pasta dos Povos Indígenas. 

"Para que a gente possa colocá-la a par de toda a situação aqui no Estado, e todo o projeto em relação às comunidades e povos indígenas. Ela vai ter a agenda de visitas, mas nosso encontro vai ser para que ela conheça um pouco a realidade do Estado, e a gente possa debater os assuntos importantes em relação aos povos indígenas", afirma o governador. 

Riedel ainda garante que não irá ao interior do Estado, caso essa seja a agenda de Guajajara, mas que sua equipe estará junto da ministra.

"Não sei se ela vai à Dourados, às vezes vai ficar em Campo Grande. Mas estarei o dia à disposição para a gente conversar e colocar para ministra os principais pontos que temos em relação às comunidades indígenas", disse.

Vander Loubet (PT) - que já aparecia como mediador entre indígenas e fazendeiros -, foi um dos primeiros a anunciar a vinda de Guajajara para MS, afirmando que a ministra iria averiguar a situação que já vêm se estendendo há tempos também em Rio Brilhante. 

Ainda na manhã de hoje, em agenda no Tribunal de Contas em MS, a senadora Soraya Thronicke chamou atenção para a insegurança do direito à propriedade privada, quando questionada sobre a visita da ministra à Mato Grosso do Sul. 

"Não se deve invadir e tomar nada a força, principalmente áreas produtivas. Tem que ter uma conversa sobre essa questão e sempre foi muito difícil. Brigamos para que todos os brasileiros possam ser atendidos", argumentou. 

Ainda, ela frisa que por mais que tenha tentado no Judiciário e por Medidas Provisórias, não conseguiu resolver o problema "principalmente para quem teve suas terras invadidos" nesses últimos quatro anos. , 

"Não sei se não foi boa vontade da antiga gestão, mas faltou atenção. É importante que possamos agora nos debruçar sobre este tema e, acima de tudo, ouvir todos os lados, sem guerra ideológica, briga. Isso passou e não leva ninguém a lugar nenhum. Precisamos trazer solução, e não briga e gritaria", complementa ela.

Retrospecto violento

Na madrugada de sexta-feira (3 de março), famílias das etnias Guarani e Kaiowá ocuparam fazenda no território Laranjeira Nhanderu, em Rio Brilhante, distante cerca de 160 km de Campo Grande. 

Nessa ocasião, a liderança justificou dizendo que a retomada visava "acabar com as muitas décadas de dureza, fome, violência, racismo, veneno, intoxicação, confinamento, ameaças e trapaças dos fazendeiros, para poder garantir a Constituição Federal". 

Ainda em junho do ano passado, Mato Grosso do Sul registrou o que ficou marcado como "Massacre de Guapo'y”, na Terra Indígena Amambai, considerada uma das mais antigas do MS, homologada como pertencente aos povos originários em 1991.

Nessa ocasião o indígena Vitor Fernandes, foi vitimado e vários outros ficaram feridos, sendo transferidos para unidades de saúde de Amambai e Ponta Porã.

Leo Ribeiro e Naiara Camargo/CorreioDoEstado










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