Em quase um mês sem laboratório para realizar exames de biologia molecular e histocompatibilidade em Campo Grande, 23 órgãos deixaram de ser transplantados em Mato Grosso do Sul. A informação é do setor de Nefrologia da Santa Casa, que agora trabalha “em vão”, já que não é possível concluir o transplante sem os exames específicos.
O único laboratório credenciado no Ministério da Saúde para realizar exames de biologia molecular e histocompatibilidade em Mato Grosso do Sul é o Biomolecular, que fechou as portas em 8 de agosto por falta de contrato de pagamento com município e Estado. O laboratório está à venda.
De acordo com a coordenadora da Nefrologia da Santa Casa, a médica Raffaela Campanholo, é impossível a realização de transplantes sem os exames realizados pelo Biomolecular. Neste mês, foram feitas doações de 10 rins, cinco fígados, quatro pâncreas e quatro corações, que não foram aproveitados por falta de exames especializados.
Em Campo Grande, o exame mais comum é de rim, com cerca de 150 pessoas em fila de espera.
Com as portas fechadas há três semanas e sem acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o único laboratório de Mato Grosso do Sul credenciado no Ministério da Saúde para realizar exames de biologia molecular e histocompatibilidade foi posto à venda. Transplantes seguem paralisados e sem previsão de retorno.
Com o fim do contrato com a prefeitura de Campo Grande e sem acordo com o Estado, o laboratório Biomolecular fechou as portas no dia 8 de agosto de 2022, interrompendo os transplantes em todo o Mato Grosso do Sul e pondo em risco um banco de dados com mais de 600 mil amostras de doadores, armazenado em uma câmara fria.
O laboratório recebe por serviço prestado de acordo com a Tabela FAEC (Fundo de Ações Estratégicas e Compensação), remuneração do SUS (Sistema Único de Saúde) para o financiamento da média e alta complexidades. Porém, com a defasagem dos valores, precisa do pagamento da tabela em dobro para manter a estrutura.
“Com uma tabela não conseguimos sobreviver e para não deixar o transplante do estado e os pacientes sem o serviço, estamos tentando vender. Só para deixar o laboratório habilitado foram dois anos e não queremos simplesmente encerrar nossa habilitação junto ao Ministério da Saúde e deixar o Estado desassistido”, afirma Zuleica Garcia da Costa, diretora do Biomolecular.
Em nota, a SES afirma que desde abril pagou à empresa o valor de R$ 2.623 milhões. Em ofício, a própria secretaria afirma que o acordo “teve fundamento jurídico absolutamente diverso do que ora baliza o processo”.
Com Priscilla Peres/Midiamaxnews