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Tragédia: RS agora se prepara para surtos de leptospirose e hepatite

Secretaria Estadual da Saúde do RS prevê aumento expressivo de casos de leptospirose e hepatite A

Publicada em 14/05/2024 às 09:10h

por Redação


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Com água parada há 10 dias, o risco do aumento da dengue  (Foto: Reprodução)

Um dos efeitos esperados pós-enchente é a chegada de novas doenças e a intensificação de outras que já circulavam no território local. Nas próximas semanas, a Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul prevê aumento expressivo de casos de leptospirose e hepatite A.

Essas são algumas das situações mapeadas como as mais prevalentes e que ainda estão em período de incubação, segundo publicação do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).

Divulgado na semana passada, o guia para a população e profissionais de saúde sobre os riscos e cuidados neste período atenta para questões como doenças transmitidas pelo contato com a água, relacionadas ao consumo de água ou alimentos contaminados, e risco de contato com animais peçonhentos, por exemplo.

Com água parada há 10 dias e sem perspectiva de escoamento, outra preocupação é com o risco do aumento da dengue, que já começa a ter reflexo entre os socorristas.

Após dois dias retirando pessoas das casas, debaixo de chuva, com um barco amarrado no próprio corpo, o biólogo e professor Jerônimo Loureiro, que atuou nos resgates em Porto Alegre, contraiu o vírus.

Ele começou a sentir dor no corpo e um mal-estar que veio acompanhado de febre e náuseas. No último final de semana, foi diagnosticado com a doença. “A pessoa na clínica, que fez meu teste, disse que tem muita gente com dengue em função das enchentes”, afirmou.

Vômito, prurido e abalo emocional

“Fiquei um dia bem ruim, passei a noite inteira vomitando. Não sei exatamente o que foi a causa do vômito, se foi pelo fato de estar na água ou se por tudo o que vimos, pelo lado emocional”, diz. Após um dia inteiro com o corpo submerso até a altura do pescoço, a pele de Ísis passou a apresentar áreas avermelhadas e bastante prurido.

“No final do dia, quando saímos da água, comecei a sentir bastante dor no estômago e dor de cabeça, passei a madrugada inteira vomitando muito, sem saber se era algum motivo ligado à água, ou se algo ligado ao emocional pelo que estamos vivenciando”, desabafa. Com medicação, dieta leve e repouso, ela começou a se sentir um pouco melhor no aspecto físico. Emocionalmente, ainda sente o abalo.

Somatizar problemas emocionais no corpo, segundo a psicóloga Karine Menuzzi Fernandes, é comum em situações como estas. A tensão e ansiedade trazidas pelo imaginário da catástrofe causam insegurança.

“Não temos memórias de comparação de ter vivido nada semelhante a isso”, diz. Segundo ela, a enchente mexe com a ausência de segurança para projetar nosso senso de futuro. “As pessoas tentam se imaginar lá para a frente, mas não conseguem, ninguém sabe o que vai ser. E isso nos torna mais inseguros. Alguns se movem para ajudar, uns ficam paralisados, outros somatizam”, explica a psicóloga.

Força-tarefa para apoiar no combate às doenças

Para as equipes de saúde que atuam no enfrentamento às enchentes, a prioridade é salvar vidas, explica Sérgio Beltrão, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará. Vice-presidente da Associação Brasileira de Epidemiologia de Campo, ele conta que equipes de sanitaristas do Brasil já começam a se mobilizar para auxiliar as autoridades no enfrentamento aos eventuais surtos que irão aparecer.

“Entendemos que neste momento a prioridade é salvar vidas. Na recuperação, queremos ajudar a sociedade a reagir rapidamente às possíveis doenças e a reestabelecer a atenção à saúde. Temos vacinas atrasadas, preventivos de câncer de colo de útero… tudo atrasado. Infelizmente essa situação favorece agravos que nem se consegue mensurar agora”, explica Beltrão.

A Secretaria Municipal de Porto Alegre informou que ainda é cedo para divulgar dados de boletim epidemiológico.O que se sabe até o momento é que foram notificados dois casos de pacientes em pronto-atendimentos com suspeita de leptospirose, ainda não confirmados.

Professor da UnB e sanitarista, Jonas Brant explica que é importante combater as doenças ligadas ao saneamento, decorrentes da mistura de lixo, esgoto e água da chuva. Ele alerta para dois fatores principais, que são o consumo de alimentos de baixa qualidade e o cuidado com água parada, que causam diarreias.

Com a chegada do frio, outro ponto de atenção são as doenças respiratórias. “Com a queda da temperatura, as doenças encontram pessoas com imunidade baixa, grande estresse e pouca ventilação nos abrigos. Isso já é alvo da vigilância. É importante que cada ginásio tenha sua estratégia local de monitoramento de síndromes assim como recomende a vacinação dos acolhidos, para evitar doenças como o tétano, por exemplo”, afirma.

Além de procurar a unidade de saúde para revisar o calendário de vacinas, a recomendação de Brant é organizar processos para que a água e a comida estejam em boa qualidade, ferver e filtrar água para que não se tenha consumo inadequado e cozinhar bem os alimentos. Tentar, ainda, garantir ventilação nos ambientes para evitar a transmissão de doenças respiratórias, é um caminho para a prevenção.

Lara Ely/Metrópoles










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