Um vídeo de um homem fazendo falsas alegações sobre as urnas eletrônicas circula nas redes sociais com mais de 3,2 mil visualizações. Segundo usuários, ele seria o ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira.
"Nós tivemos fraudes no primeiro turno das eleições. O presidente que resolveu apostar no segundo turno achando que iria conseguir conter o sistema que o sistema inteiro está conspirando contra a direita no Brasil", diz o homem no início da gravação.
Contudo, é falso que o registro mostra Paulo Sérgio Nogueira, além disso, diversas entidades atestaram a confiabilidade das urnas e a ausência de fraudes no processo eleitoral brasileiro.
Buscas por vídeos no Google a partir das palavras-chave "Paulo Sérgio Nogueira fraude eleições" não identificaram entrevistas em que o ministro estivesse revelando supostas provas de interferências no pleito.
Ao comparar a aparência e voz de Nogueira – que aparece no vídeo de uma reunião no Senado – com as do o homem da gravação viral, é possível constatar que não se trata da mesma pessoa.
Além disso, as alegações de supostas fraudes não se sustentam. Até o momento, não foi apresentada nenhuma prova de violação ao sistema eletrônico de votação, o qual nunca sofreu qualquer fraude.
Ao contrário, instituições que atuaram como observadoras no pleito brasileiro reforçaram a confiabilidade do sistema.
Uma delas foi a Uniore (Missão da União Interamericana de Organismos Eleitorais), que não identificou maiores problemas no funcionamento das urnas e considerou a eleição brasileira e a jurisprudência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no combate à desinformação como exemplar para a América Latina. A Uniore também classificou as medidas adotadas pela Justiça Eleitoral para a resolução dos problemas que surgiram como democráticas.
De maneira semelhante, a Rojae-CPLP (Rede dos Órgãos Jurisdicionais e de Administração Eleitoral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) publicou um relatório preliminar em que observa que a utilização de meios eletrônicos de votação "revelou-se segura, confiável e credível" e concluiu que as eleições brasileiras foram "livres, justas e democráticas". Em relação à campanha eleitoral, a Rede ressaltou a "atitude positiva" do TSE "ao agir em tempo oportuno nas situações que se colocaram no decurso da campanha eleitoral por parte de qualquer dos dois candidatos presidenciais".
O International IDEA (Instituto para a Democracia e Assistência Eleitoral) – que igualmente atuou como observador no Brasil – publicou que a democracia brasileira se fortaleceu com o processo eleitoral. "O TSE conduziu o processo com imparcialidade em relação às diferentes forças políticas [...]. No mesmo sentido, a urna eletrônica no Brasil mais uma vez provou sua confiabilidade". O International IDEA classificou os ataques ao funcionamento das urnas como controvérsias "desnecessárias".
O TCU (Tribunal de Contas da União), que realizou uma auditoria do sistema eletrônico de votação, analisou os boletins de urna do segundo turno e não identificou qualquer divergência nos mais de 5 milhões de informações comparadas.
Camila Xavier/YahooNotícias