As exportações de carne bovina seguem aquecidas neste ano e têm sido fundamentais para equilibrar o mercado em Mato Grosso do Sul.
Com o aumento da oferta de gado no Estado, os embarques internacionais ajudaram a evitar a queda dos preços internos pagos aos produtores, além de impulsionar a cadeia produtiva local.
No Estado, os reflexos foram claros. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) mostram que as exportações para os EUA dispararam no primeiro trimestre, passando de 485 toneladas, em 2024, para 2,7 mil toneladas, neste ano – um aumento de 455%, conforme já publicado pelo Correio do Estado.
Isso posicionou o Estado como um dos principais protagonistas da retomada de exportações ao mercado norte-americano.
O relatório da StoneX Brasil, divulgado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), aponta que a média de preços no mercado físico estadual gira em torno de R$ 322 a arroba, com os valores a prazo em torno de R$ 319.
Segundo relatório Agro Mensal do Itaú BBA, o Brasil exportou 215 mil toneladas de carne bovina in natura em março, alta de 26,6% em relação ao mesmo período de 2024.
O bom desempenho foi puxado principalmente pela China, responsável por 50% das compras, além dos Estados Unidos – que ampliaram suas importações em 70% – e do Chile, com crescimento de 28%.
O bom desempenho no comércio exterior ajudou a sustentar os preços do boi gordo, chegando a atingir R$ 326 por arroba em meados de abril, ante os R$ 310 do início de março.
O bezerro também se valorizou, chegando a R$ 2.825 por cabeça, em média, no Estado, segundo o Itaú BBA. Ainda assim, a relação de troca entre boi gordo e bezerro continua apertada para o terminador, limitando a rentabilidade da engorda.
No mercado interno, a margem bruta dos frigoríficos com a venda de carcaças permaneceu estável, alcançando 6,9% em abril. Esse equilíbrio mostra que o setor está conseguindo manter sua competitividade mesmo diante da oscilação da oferta.
Apesar do bom momento nas exportações, o volume de abates em Mato Grosso do Sul teve leve recuo em março, com 354 mil cabeças – uma queda de 5% em relação a janeiro e crescimento de 10% em relação aos 323 mil animais abatidos em março de 2024.
No acumulado do trimestre, houve crescimento de quase 10%: neste ano, foram abatidos 1,086 milhão de animais, ante 991,2 mil do período de janeiro a março de 2024.
A expectativa é de que as exportações continuem firmes nos próximos meses, sustentando os preços e favorecendo a cadeia pecuária de Mato Grosso do Sul, especialmente em função da demanda internacional crescente por proteína bovina.
EXPORTAÇÕES
A compra de carne bovina pelos Estados Unidos de fornecedores de Mato Grosso do Sul disparou nos meses que antecederam o tarifaço aplicado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, apurou o Correio do Estado.
Somente em março, o volume financeiro das compras pelos EUA de carne bovina de MS chegou a US$ 32,9 milhões.
Especialistas ouvidos pelo Correio do Estado acreditam em uma corrida dos importadores norte-americanos, uma vez que a taxação a partir deste mês era praticamente certa.
Em março do ano passado, as vendas de carne bovina de Mato Grosso do Sul para os Estados Unidos totalizaram US$ 6 milhões. No comparativo com o mesmo mês deste ano, o aumento foi de 443,07%.
No comparativo entre os primeiros trimestres, neste ano, as vendas de carne bovina para os Estados Unidos já atingiram US$ 75,3 milhões, enquanto no mesmo período do ano passado representaram US$ 42,7 milhões, ou seja, houve um aumento de 76,3%.
Neste ano, o Estado já vendeu US$ 139 milhões aos Estados Unidos. A carne bovina, conforme apurou o Correio do Estado, representou 53% das compras norte-americanas no primeiro trimestre.
De acordo com o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos trazem novos desafios de relação comercial.
“Para que eu continue vendendo pelo mesmo preço, vou ter de comprimir minha margem ou ser mais competitivo”, explicou ao Correio do Estado.
Súzan Benites - www.correiodoestado.com.br