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Perdas de até 70% na safra de soja levam sul de MS a pedir decreto de emergência

Cerca de 400 mil hectares de lavouras na região enfrentam problemas por causa da seca, segundo boletim da Famasul

Publicada em 21/01/2025 às 16:56h - Redação

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Perdas de até 70% na safra de soja levam sul de MS a pedir decreto de emergência
Renato Franco Oliveira de Moraes mostra a situação das lavouras de soja na região sul do Estado  (Foto: Valéria Araújo / Correio do Estado)

A seca severa que castiga o sul de Mato Grosso do Sul está motivando produtores rurais de soja a se mobilizarem para pedir decreto de emergência na região.

Sem chuvas suficientes previstas para as próximas semanas, as perdas podem alcançar até 70% em algumas lavouras, conforme o chefe de pesquisa do Instituto MS Agro, Renato Franco Oliveira de Moraes. 

Segundo Moraes, em muitas lavouras as perdas já atingem níveis irreversíveis.

“Mesmo que ocorram chuvas, os impactos irreparáveis já superam 30% das lavouras no sul do Estado. A medida emergencial é crucial para mitigar os prejuízos”, ressalta.

O consultor agrícola Otavio Vieira de Mello, que acompanha de perto a situação, descreve as lavouras do sul do Estado como “calamitosas”. Em Itaporã, por exemplo, as perdas irreversíveis ultrapassam 50%, com uma produtividade média de apenas 30 sacas por hectare, contra uma média histórica de 60 sacas por hectare. 

“Para os agricultores que plantaram em outubro, a situação é ainda mais grave, com algumas áreas registrando entre 15 e 25 sacas por hectare. Além disso, a qualidade dos grãos está comprometida em razão do estresse hídrico”, explica.

Os dados são corroborados pelo boletim Casa Rural da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul), que aponta que 60% das lavouras na região sul enfrentam problemas. Desses, 30% estão em condições ruins, enquanto outros 30% são classificadas como regulares, o que equivale a cerca de 400 mil hectares afetados.

PIOR DESEMPENHO

A região sul de Mato Grosso do Sul é a mais afetada pela seca, apresentando o pior desempenho no ranking de condições das lavouras entre as regiões do Estado. Apenas 39% das lavouras são classificadas como boas, muito abaixo de regiões como a norte, onde 93% das áreas plantadas estão em boas condições.

Em outras regiões, os índices também são mais favoráveis: nordeste (88%), oeste (81%), centro (66%), sudoeste (69%), sul-fronteira (64%) e sudeste (74%).

Em Dourados, um dos municípios mais impactados, a situação é crítica. Dos 254.689,41 hectares de área plantada, apenas 40% das lavouras estão em boas condições, enquanto 60% enfrentam algum tipo de problema, reflexo direto da estiagem prolongada.

A crise motivou uma reunião da Associação de Empresas de Assistência Técnica Rural de Mato Grosso do Sul (Aastec-MS), na semana passada, que discutiu a possibilidade de um pedido formal de decreto de emergência junto à Aprosoja-MS. 

Paulo Bózoli, presidente da entidade, destacou que o encaminhamento será decidido nos próximos dias, dependendo das condições climáticas.

“Decidimos esperar por mais essa semana e acompanharmos um pouco mais a evolução da colheita para, aí sim, tomarmos essa decisão. No entanto, estamos conversando com a Aprosoja-MS para talvez fazermos uma ação em conjunto”, destacou. 

APOIO

Em Dourados, José Tarso Moro da Rosa, diretor do Sindicato Rural, também reforça a necessidade do decreto. Ele já buscou apoio do secretário de municipal de Agricultura, Bruno Pontim, e das gerências bancárias para auxiliar os produtores.

“O grande problema é que estamos na terceira safra consecutiva de prejuízos em função da seca. O decreto ajudaria principalmente nas negociações com revendas e no acionamento de seguros agrícolas”, argumenta.

Segundo ele, a produtividade na região caiu para cerca de 40 sacas por hectare, uma redução significativa em relação à média histórica.

Além do pedido de emergência, especialistas sugerem medidas de longo prazo para enfrentar o problema. Mario José Maffini, presidente do Grupo Plantio na Palha (GPP), defende a adoção de sistemas de irrigação como uma saída viável. 

“Precisamos planejar a próxima safra considerando tecnologias que reduzam os impactos climáticos. O decreto é uma ferramenta imediata, mas o futuro exige investimentos em sustentabilidade e resiliência”, alerta.

Os produtores rurais de Amambai também já solicitaram decreto de situação de emergência à prefeitura do município, conforme informações do portal do Cone-sul A Gazeta News.

Conforme a publicação, o Sindicato Rural de Amambai (SRA), empresas de assistências técnicas do município e cooperativas fizeram um relatório detalhado das condições da safra de soja 2024/2025 no âmbito de Amambai.

Segundo o relatório, até o momento, com cerca de 5% dos 144 mil hectares já colhidos, a média por hectare está entre 30 sacas e 40 sacas, o que representa uma quebra de produção na ordem de 50% em relação às expectativas de colheita.

Outro problema está em relação à qualidade do grão colhido. “A situação é crítica e tende a se agravar ainda mais, caso a estiagem persista”, pontuo o presidente do SRA, Manoel Douglas Antunes Pinto Júnior.

Conforme publicado pelo site Noticidade, da região de Sidrolândia e Maracaju, a seca também tem causado grandes prejuízos nas plantações da região. 

O produtor de soja da região de Sidrolândia Diego Burgel viu suas expectativas despencarem de maneira drástica. Inicialmente, ele esperava colher entre 60 sacas e 65 sacas por hectare nos 6.200 hectares plantados, o que representaria uma produção expressiva e um bom retorno financeiro.

Com o clima adverso, Burgel agora estima uma perda de 30% no seu potencial produtivo, reduzindo a previsão para algo entre 42 sacas e 45,5 sacas por hectare.

CHUVAS

Segundo boletim da Famasul, a previsão de chuvas para os próximos 16 dias traz alguma esperança, com volumes que podem chegar a 203 milímetros em partes da região sul.

Caso isso se confirme, as lavouras que ainda não entraram na fase de enchimento de grãos podem ser parcialmente salvas. Contudo, para lavouras em estágios mais avançados, como maturação, o alívio será limitado.

Apesar do crescimento de 6,8% na área plantada de soja nesta safra, a estiagem ameaça colocar em risco a produção estadual, estimada em 13,977 milhões de toneladas. Para os produtores do sul de Mato Grosso do Sul, as próximas semanas serão decisivas.

** Colaborou Súzan Benites

Valéria Araújo, de Dourados/Correio do Estado










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