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Mato Grosso do Sul começa 2024 exportando mais carne bovina

Frigoríficos do Estado venderam US$ 185 milhões em carne bovina para outros países, US$ 10 milhões a mais que em 2023

Publicada em 19/03/2024 às 14:52h

por Redação


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Mato Grosso do Sul começa 2024 exportando mais carne bovina
Caminhões com contêineres refrigerados deixam frigorífico de Campo Grande, uma das unidades exportadoras  (Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado)

Mesmo passando por instabilidade, o mercado da carne em Mato Grosso do Sul seguiu aquecido nos primeiros dois meses deste ano. Impulsionado pelo mercado externo, dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) mostram que o Estado registra aumento tanto na movimentação financeira quanto no volume de carne bovina exportado no primeiro bimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Conforme o relatório, foram exportados 45,820 mil toneladas de carnes e derivados bovinos entre janeiro e fevereiro deste ano, resultando em um total de US$ 185,264 milhões movimentados, ante US$ 174,429 milhões exportados no mesmo período de 2023, ou seja, aumento de US$ 10,835 milhões (6,21%).

Na comparação de volume exportado, entre um ano e outro cresce houve elevação porcentual de 14,20%, uma vez que em 2023 foram 40,122 mil toneladas exportadas e, este ano, 45,820 mil toneladas, 5,698 mil toneladas a mais.

No País, o crescimento da exportação de carne bovina foi de 20,06%, quando comparado com os dois primeiros meses do ano passado. Neste ano, o valor movimentado com a commodity foi de US$ 1,855 bilhão, enquanto em 2023 foi de US$ 1,545 bilhão, US$ 310 milhões a mais.

Quando comparados os volumes comercializados no primeiro bimestre do ano, a diferença salta para 39%: em 2024, foram enviados 466,377 mil toneladas de carne bovina, contra 336,47 mil em 2023.

EXPORTAÇÃO

Ao considerar toda a atividade externa, conforme dados da Carta de Conjuntura do Setor Externo, divulgada pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), janeiro e fevereiro acumularam uma movimentação de vendas em produtos ao exterior de US$ 1,319 bilhão, valor 25% maior que o US$ 1,055 bilhão do mesmo período do ano passado, que já havia sido um recorde. Os números englobam a venda de todos os produtos, e não apenas carnes bovinas. 

O alto volume de vendas para fora do País fez com que o superavit da balança comercial local ficasse em US$ 836,9 milhões, 62,1% maior que o saldo de US$ 516,3 milhões do primeiro bimestre de 2023.

A responsável por este aumento no saldo da balança comercial foi a queda nas importações. Neste ano, foram importados US$ 482,5 milhões em produtos, enquanto no mesmo período de 2023 as importações somaram US$ 539,2 milhões.

A diversificação dos produtos exportados explica o sucesso das vendas externas neste ano, mesmo em um período de baixa de preços no mercado internacional das principais commodities, como a soja, o milho e a carne bovina.

Economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Corguinho e Rochedo (SRCG), Staney Barbosa Melo reforça que o aumento nas exportações ocorreu em razão do preço baixo e do estoque que o produtor montou para aguardar cotações melhores.

“Com isso, os chineses estão aproveitando o momento de preços baixos para aumentarem seus estoques, o que de certa forma contribui para amortecer essa queda nos preços do grão que tanto prejudica o setor”, detalha.

COMMODITIES

A celulose começou o ano como o principal item da pauta de vendas externas de Mato Grosso do Sul, com uma comercialização de US$ 290,8 milhões para outros países em janeiro e fevereiro.

A soja, campeã da balança comercial em todo o ano passado, começou forte no primeiro bimestre deste ano. É bom lembrar que janeiro e fevereiro, tradicionalmente, não são meses fortes para a exportação da oleaginosa.

Neste ano, por exemplo, já foram exportados 537,9 mil toneladas de soja, com um faturamento médio de US$ 253,4 milhões, enquanto no primeiro bimestre do ano passado foram vendidos 138,6 mil toneladas de soja, por US$ 75,6 milhões. 

Uma das explicações dos especialistas para a alta de 235,1% no valor obtido com a venda da oleaginosa é a comercialização da parte dos grãos colhidos na safra passada que estava armazenada.

O terceiro item em faturamento na balança comercial foi a carne bovina, que teve uma pequena alta de 2,95% no valor das vendas. Neste ano, já foram US$ 172 milhões nos dois primeiros meses (36 mil toneladas), contra US$ 167,1 milhões (35,1 mil toneladas) no primeiro bimestre de 2023. 

O quarto item neste ano era o líder no primeiro bimestre de 2023: o milho. Em janeiro e fevereiro, foram vendidos US$ 145 milhões (650 mil toneladas) para outros países, enquanto há um ano, no mesmo período, foram vendidos 959,3 mil toneladas, por US$ 279,7 milhões.

O maior crescimento nas vendas, porém, veio do minério de ferro. A entrada do grupo J&F no segmento de mineração, em Corumbá, demonstrou um aumento na extração e nas vendas externas: nos dois primeiros meses deste ano, foram vendidos US$ 48,5 milhões ao exterior, enquanto no mesmo período de 2023 foram US$ 6,5 milhões, alta de 641% nas vendas.

O ferro-gusa, item derivado do minério, teve aumento de 308% nas exportações: foram US$ 27 milhões vendidos, contra US$ 6,6 milhões no ano passado. 

As vendas de algodão quintuplicaram, ultrapassando o valor de US$ 3 milhões do primeiro bimestre do ano passado, e totalizaram US$ 15,5 milhões nos dois primeiros meses deste ano.

DESTINO

O aumento das vendas para a Ásia ajuda a explicar a situação das exportações de Mato Grosso do Sul. A China, que já era o maior parceiro comercial do Estado, destino de 26% dos produtos no primeiro bimestre do ano passado, passou a ter uma fatia ainda maior, de 38,6%.

O gigante asiático comprou US$ 510,1 milhões em produtos de Mato Grosso do Sul, 79,3% a mais em relação ao ano anterior. 

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro, responsáveis por 7,36% das compras, que geraram US$ 97 milhões em receita para as empresas instaladas em MS – aumento de 16%. 

O terceiro maior parceiro são os Países Baixos (Holanda), que compraram US$ 71,4 milhões em produtos de MS, 18,9% a mais que no mesmo período do ano passado. 

As maiores disparadas são da Indonésia (474%), que comprou US$ 10,3 milhões em produtos de MS no ano anterior e neste ano adquiriuUS$ 59,6 milhões, e dos Emirados Árabes Unidos, cujas compras passaram de US$ 10 milhões para US$ 41,9 milhões, representando uma alta de 319,4%.

ARROBA

O preço da arroba do boi gordo encolheu, em média, em R$ 100 no período de dois anos em Mato Grosso do Sul. O valor das cotações no mercado físico local reduziu em 31,53%, considerando os valores médios praticados em janeiro de 2022, quando o gado era comercializado a R$ 317,67.

No primeiro mês deste ano, o preço da arroba era deR$ 217,52. No comparativo com janeiro de 2023, o valor praticado no mercado físico de MS também apresenta redução de 14,47%, já que em janeiro do ano passado a arroba do gado era comercializada a R$ 254,33. 

Setembro do ano passado foi o ápice da queda nos últimos dois anos. A arroba do boi bateu R$195,67, diferença de apenas R$ 21,85 em relação ao preço praticado no fechamento de janeiro deste ano.

Evelyn Thamaris/CorreioDoEstado










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