O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) divulgou, no começo da semana passada, um aviso de onda de calor. O alerta destaca os riscos para a saúde, mas também é importante considerar os impactos negativos que o fenômeno pode causar na atividade agrícola. O alerta destaca a elevação da temperatura a partir desde o dia 18 de setembro. A previsão indicou possibilidade de temperatura 5ºC acima da média, podendo variar por período de três a cinco dias.
Desde o fim do vazio sanitário em 15 de setembro, os agricultores estão aptos para o período de semeadura da soja que, no Mato Grosso do Sul, vai de 16 de setembro a 24 de dezembro. Porém, o episódio excepcional de calor em grande parte do Brasil nos últimos dias, com destaque para Mato Grosso do Sul, demanda atenção e cuidados redobrados para a implantação das lavouras.
Nesta atual safra de verão, a previsão éde cultivo de 4,2 milhões de hectares, 6,5% em relação ao ciclo anterior. Entretanto, a Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho de MS), prevê uma produção de 13,8 milhões de toneladas, redução de 7,92% e produtividade de 54 sacas por hectare, 13,52% a menos do que na safra anterior.
Esperar para semear
Em nota técnica emitida pela Embrapa-Agropecuária Oeste, de Dourados, MS, o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária Oeste, enfatiza que vale a pena esperar um pouco mais para semear, assim o produtor terá mais segurança para garantir um estande de plantas adequado e uniforme. E complementa que “o calor excessivo no solo pode ter um efeito negativo no desenvolvimento em sementes de soja recém-semeadas, pois temperaturas extremas do solo podem causar danos às sementes, impedindo-as de germinar ou se desenvolver adequadamente”.
“A recomendação mais adequada para o momento é prudência. Dentro do possível, o ideal seria adiar a semeadura para o fim da onda de calor. Do contrário, opte por reduzir a área, escalonando o processo de semeadura”, informa Rodrigo.
Diante desta situação, Rodrigo chama atenção ainda para a relevância do plantio direto, com destaque à cobertura com palhada e explica “além dos inúmeros benefícios que os produtores já conhecem, o solo coberto com palhada representa um grande aliado do produtor, pois diante de um cenário climático desfavorável contribui com a redução dos impactos da amplitude térmica, mantendo as sementes e a plântula de soja mais protegidas”.
O pesquisador Éder Comunello, da Embrapa Agropecuária Oeste, destaca que a temperatura do solo costuma ser bem mais intensa do que a do ar porque o solo absorve o calor do sol e o retém por mais tempo, especialmente, nos horários mais quentes do dia e informa que “temperaturas acima de 40ºC podem facilmente superar os 50°C no solo”.
El Niño vem aí
Éder informa ainda que a publicação do valor da anomalia de temperatura do último trimestre (junho-julho-agosto) confirmou que a próxima safra de verão será sob os efeitos do El Niño e acrescenta “desde 2001, esta será a oitava safra de verão cultivada sob efeitos de El Niño. O conceito de El Niño foi definido pela Organização Meteorológica Mundial, que estabelece que são necessários três trimestres consecutivos com anomalia acima de 0,5 °C para declarar oficialmente El Niño”.
Já em relação à onda de calor, Eder explica que esse fenômeno é comum na Região Centro-Oeste, mas que costuma ser intensificado sob condições de El Niño. “O que é incomum são as altas temperaturas previstas para os próximos dias’.
Guia Clima
O Guia Clima é um sistema de monitoramento agroclimático que disponibiliza, em tempo real, dados sobre as condições meteorológicas (temperatura, umidade do ar, etc.), informações (médias, normais, etc.) e alertas (baixa umidade do ar, ventos fortes, geadas, etc.), que podem ser usados para auxiliar na tomada de decisões.
Atualmente, o Guia Clima opera com quatro estações meteorológicas situadas em Dourados (2), Rio Brilhante e Ivinhema. No entanto, há previsão de instalação de novas estações em outros locais de Mato Grosso do Sul.
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José Roberto dos Santos/CampoGrandeNews