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Ataques russos aos portos da Ucrânia podem deixar alimentos mais caros

Após a intensificação da guerra entre os países do Leste Europeu, o trigo subiu 11,3% no mercado internacional

Publicada em 21/07/2023 às 17:18h

por Redação


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Ataques russos aos portos da Ucrânia podem deixar alimentos mais caros
A Ucrânia é um dos maiores produtores mundiais de trigo  (Foto: CNA)

Os preços dos grãos no mercado internacional estão em alta desde terça-feira, quando o governo russo intensificou os ataques aos portos na Ucrânia. A Rússia ainda advertiu que qualquer navio avistado trafegando pelo Mar do Norte rumo à Ucrânia será considerado um potencial alvo militar. Apesar de o conflito ocorrer a milhares de quilômetros, o impacto é sentido em todo o mundo.

A intensificação do conflito entre os países pode encarecer produtos consumidos diariamente, como pão francês, macarrão, pizza e até mesmo a cerveja. 

O acordo que permitia as exportações de grãos ucranianos por um corredor humanitário expirou no início da semana. Atualmente, Mato Grosso do Sul não tem negociações diretas com o mercado ucraniano, no entanto, pode sentir o impacto da alta do trigo. A Ucrânia é um dos principais fornecedores do produto no mercado internacional.

De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, apesar de o Estado não ter nenhuma compra ou venda direta com o país, há um impacto na oferta mundial.

“Há um desequilíbrio na oferta mundial, especialmente na área do trigo. A Ucrânia é um grande exportador de trigo, acho que esse é o principal impacto. A preocupação é grande sobre um aquecimento de preços das commodities no mercado internacional e isso já aconteceu. Na verdade, não tem outro lugar para suprir essa oferta, por isso você tem aumento de preço”, afirma ao Correio do Estado. 

REAJUSTE

No acumulado entre terça-feira e quarta-feira, os preços do trigo tiveram reajuste de 11,3% na Bolsa de Chicago. Os do milho subiram 9,3%. Os dois cereais estão na lista das exportações da Ucrânia. As exportações de grãos da Ucrânia são um fator importante na estabilidade dos preços globais. O país é um dos maiores exportadores mundiais de óleo de girassol, milho, trigo e cevada.

Apesar da importância da Ucrânia e da Rússia na oferta mundial de cereais, os preços não devem tomar as mesmas proporções do primeiro semestre do ano passado, após a invasão russa em território ucraniano, que ocorreu em fevereiro de 2022. 

“A ausência desses produtos no mercado pode gerar um desabastecimento de grão na Europa. E isso pode gerar um aumento de preços destas commodities, alavancando os preços mundiais, o que pode favorecer o Brasil. Quanto ao trigo, o grande fornecedor que temos é a Argentina, que atravessa uma crise doméstica forte, gerando muitas incertezas para o mercado”, avalia o analista de Comércio Exterior Aldo Barrigosse.

O administrador Leandro Tortosa corrobora a análise sobre o trigo e adiciona o impacto a alimentos do dia a dia, como pão, cerveja, macarrão, entre outros derivados do trigo. “É possível, sim, que a gente veja um aumento no preço do trigo, porque a Ucrânia é o principal fornecedor, embora a Argentina também forneça uma boa parte do trigo que nós consumimos aqui na América do Sul, a cotação é em dólar, e com a cotação em dólar pode haver esse impacto. Então, a gente deve esperar um pãozinho francês um pouco mais caro”. 

Tortosa ainda ressalta que o preço da cerveja também pode subir. “Nós compramos muito da Ucrânia, e a gente produz muito pouco da cevada aqui no Brasil, só uma pequena porcentagem do que nós consumimos. Então, a gente deve observar pelo menos uma pressão no preço de alguns derivados da cevada, como a cerveja, embora a gente não tenha como cravar que isso vai acontecer, precisamos acompanhar”, destaca.

O mestre em Economia Eugênio Pavão frisa que outro impacto com a intensificação da guerra será o encarecimento de insumos essenciais para a agricultura, já que o Estado importa insumos da Rússia.
 “Provavelmente, teremos algum retorno da inflação dos alimentos. Dando, assim, margem para a manutenção dos juros altos e afetando novos investimentos no agronegócio”.

POSITIVO

Sob o ponto de vista positivo, Mato Grosso do Sul pode se beneficiar com a alta de preços das commodities no mercado internacional. Para este ano, o Estado tem perspectiva de safra recorde novamente.

“Vai existir uma pressão para aumento no valor dos alimentos, mas a gente não tem como cravar que isso vai acontecer de fato, porque existem outras questões no cenário. Por exemplo, o Brasil é um grande produtor de milho, de soja e de outros grãos. E nós estamos em uma safra recorde de milho e de soja, principalmente. Então, dependendo do que será afetado em termos de produção mundial, o Brasil consegue suprir rapidamente”, analisa Tortosa.

O secretário detalha que não há um impacto direto na economia sul-mato-grossense do ponto de vista da produção e de novos mercados. “O que pode ter um efeito derivado é, a partir do momento em que esses países não tiverem o trigo e o milho, pode haver um aumento no consumo de proteína, principalmente a questão do frango, mas ainda em uma questão mais marginal”, conclui Verruck. 
 

Antes da guerra, a Ucrânia era o quinto maior exportador de trigo do mundo, respondendo por 10% das exportações, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

A Ucrânia está entre os três maiores exportadores mundiais de cevada, milho e óleo de colza, segundo a Gro Intelligence, uma empresa de dados agrícolas. É também, de longe, o maior exportador de óleo de girassol, respondendo por 46% das exportações mundiais, segundo as Nações Unidas.

A Rússia é o maior fornecedor global de fertilizantes, segundo a Gro Intelligence. Como parte do acordo mais amplo, um acordo relacionado foi negociado para facilitar os embarques de fertilizantes e grãos russos.

SAIBA

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou o que chamou de “operação militar especial” na Ucrânia, dando início, no dia 24 de fevereiro de 2022, a uma guerra com o país vizinho. 

Súzan Benites/CorreioDoEstado










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