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Boletim da Aprosoja/MS revela que fertilizantes elevam custo de produção

Altos investimentos do ciclo anterior fazem com que o produtor rural hesite em comprar os insumos agora

Publicada em 15/05/2023 às 10:38h

por Redação


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Preparo da terra para o plantio  (Foto: Arquivo/Correio do Estado)

Depois dos estragos causados pelas chuvas no início do ano e da alta taxa de juros, o produtor rural ainda tem mais uma dificuldade ao pensar na próxima safra: os fertilizantes.

Conforme o último boletim da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), o valor dos insumos teve queda no comparativo com o ano passado, mas, mesmo assim, a conta está pesada para o produtor rural. 

A tonelada do cloreto de potássio, por exemplo, passou a custar R$ 3.600 em abril deste ano, enquanto no mesmo período do ano passado custava R$ 5.900, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“Não é que o preço do fertilizante está mais caro ou mais barato. É que o momento para o agronegócio não está tão favorável ainda, porque tivemos uma safra passada com um custo de produção muito alto”, reforça o engenheiro-agrônomo e fundador da empresa de pesquisa e consultoria Desafios Agro, Edson Borges. 

PREÇOS

Conforme os dados da Conab, além do cloreto de potássio, a tonelada do fosfato monoamônico (MAP) também diminuiu, passando a custar R$ 3.900 em abril deste ano, em comparação com os R$ 4.800/tonelada do ano passado. 

Porém, ainda de acordo com Borges, o produtor está preferindo hesitar em comprar agora, pois, diante dos últimos custos, muitos ainda estão no vermelho. 

“É um momento de cautela que ele está tendo agora, porque, se for fazer a conta, quem não vendeu soja lá atrás e está vendendo agora, mesmo tendo uma produção muito boa, por volta de 60 sacas, deve estar trabalhando no vermelho. E todo ano ele precisa fazer a fertilização do solo, algo que reponha os nutrientes, em função da produtividade dele, isso é essencial”. 

Ainda de acordo com ele, o pagamento do fertilizante, assim como das sementes, é normalmente feito antes do plantio e ainda é o maior custo de produção da lavoura, por isso, o produtor já teria de desembolsar agora o valor. 

“O que ele vai precisar fazer é analisar a relação de troca. Se ele não está fazendo ainda, entendemos que para o produtor essa troca ainda não está compensando, o preço do fertilizante ainda não caiu o suficiente para se ter um valor de troca legal, que varia entre municípios, estados e propriedades”, explicou. 

A relação de troca citada pelo engenheiro-agrônomo se dá porque os investimentos foram altos, mas, caso o produtor tenha deixado para vender a produção atualmente, os preços estão bem abaixo do esperado. 

A saca de soja com 60 kg, por exemplo, fechou na sexta-feira em R$ 121,44, valor 32,34% menor que o do mesmo período do ano passado, quando a saca era comercializada a R$ 179,50.
Borges também explica que existe um risco para o próximo plantio.

“Ele corre um risco, porque também tem a questão de logística de entrega do fertilizante. Se ele demora muito para comprar, o produto chega para ele na ‘boca’ da safra. Ela poderá ficar um pouco prejudicada para alguns produtores em função dessas compras tardias, o que pode influenciar na produtividade do ano seguinte”, detalhou. 

DIFICULDADES

As dificuldades dos produtores já vem se estendendo há pelo menos dois ciclos. Ainda conforme dados da Aprosoja-MS, o custo de produção da safra da soja de 2021/2022 foi, em média, R$ 4.950,56 por hectare. 

Em 2022, conforme divulgado pelo Correio do Estado, os produtores enfrentaram problemas climáticos com as secas prolongadas, que fizeram o resultado ser o menor dos últimos cinco ciclos.

O resultado daquela safra foi de 8,6 milhões de toneladas da oleaginosa retiradas, ante a projeção de 12,7 milhões de toneladas.

Em 2023, os produtores mais uma vez enfrentaram adversidades climáticas, desta vez com as chuvas, uma vez que a colheita foi finalizada com três semanas de atraso em relação às cinco safras anteriores. 

O atraso em todo o ciclo começou já no fim de 2022, com uma queda na temperatura em novembro e dezembro, alongando o ciclo da cultura em mais de 10 dias e depois, em razão da quantidade elevada de chuvas, a partir da segunda quinzena de janeiro de 2023, bem no período do enchimento de grãos. 

Esse atraso gerou consequências como inviabilização da dessecação, aumento na umidade dos grãos e atraso na entrada das máquinas nas lavouras. A safrinha já começou também em classificação de risco médio quanto à produtividade e à qualidade do milho. 

Mato Grosso do Sul ainda conseguiu registrar recorde na safra da soja de 2022/2023, com mais de 13 milhões de toneladas colhidas, representando um aumento de 53,9% na comparação com o ano passado. 

Porém, ainda que com um bom resultado, o custo da produção do ciclo também aumentou em comparação com 2022. Dados da Aprosoja-MS também mostram que o custo para o produtor foi de R$ 6.254 por hectare, em média. 

“Quem teve a oportunidade de vender lá atrás pôde cobrir esses custos, mas não deu para aferir uma receita, porque o custo de produção estava muito alto. Os produtos tiveram uma redução em relação ao preço da safra passada para essa safra, porém, a soja teve uma redução também muito expressiva”, acrescenta Borges. 

Ainda que com a produtividade recorde, houve também um comprometimento da qualidade dos grãos em decorrência das chuvas intensas, conforme explicou o presidente da Aprosoja-MS, André Dobashi. 

“A elevada umidade, as altas temperaturas e a ação de microrganismos no estádio final da cultura contribuíram para a redução da qualidade dos grãos nas regiões com maior volume de chuva”, ressaltou.

Bárbara Cavalcanti/CorreioDoEstado










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