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La Niña tem 50% de chances de provocar "incômodo" nas lavouras de soja em MS

Presidente da Aprosoja-MS tranquilizou os produtores ao afirmar que o monitoramento meteorológico é minucioso

Publicada em 24/12/2022 às 15:24h

por Redação


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La Niña tem 50% de chances de provocar
A previsão para a safra de soja 2022/2023 é de área plantada de 3,8 milhões de hectares e produtividade de 53,44 sacas por hectare  (Foto: Arquivo Correio do Estado)

O fenômeno da natureza La Niña tem 50% de chances de provocar “incômodos” nos plantios de soja em Mato Grosso do Sul.

 

A afirmação é do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Dobashi, que, ao mesmo tempo, declarou que – em visita aos produtores – constatou que 97% das lavouras estão em boas condições e em 3% o que ocorre é o desenvolvimento regular.

“Mesmo com essa situação incômoda, há 50% de chances de tudo dar certo”.

Apesar de as chances matematicamente estarem bem divididas entre dar acerto ou errado, Dobashi tranquiliza os produtores rurais, principalmente ao afirmar que o monitoramento meteorológico é minucioso.

Segundo Dobashi, “apesar da imprecisão proporcionada pelo fenômeno La Niña, a previsão é de chuvas regulares por todo o Estado, mesmo que, no momento, elas estejam caindo de forma sorteada”.

O mais importante, na avaliação dele, é que não há vestígios para estiagem nem veranico. Sobre as chuvas que já lavaram o solo sul-mato-grossense neste mês, há manchas molhadas no norte, na região central e no sul do Estado.

Quanto às lavouras, o atual estágio é o de R5, ou seja, é quando se inicia o desenvolvimento do grão, com a vagem já composta.

A preocupação de Dobashi se dá porque essa fase é a que mais tem demanda hídrica e, por isso, janeiro será crucial.

“Temos previsões concretas para chuvas pontuais em todo o Estado. No centro do Estado, por exemplo, as boas condições acontecem em 100% dos plantios. No norte e nordeste do Estado, essas condições excelentes se dão em 98% da lavoura. No sul do Estado, temos 13% em condições regulares”, detalha.

FENÔMENO  

De acordo com estudos meteorológicos e geográficos, a La Niña é o nome dado ao fenômeno climático-oceânico, caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico.

Ele tem origem na região do Pacífico Equatorial, na zona intertropical do planeta, e provoca alterações sazonais na circulação geral da atmosfera, podendo durar de nove a 12 meses. 

Sua ocorrência se dá entre períodos de dois a sete anos. Os efeitos do La Niña são sentidos em diversas localidades, como é o caso do Brasil.

No País, há um aumento no volume de chuvas no Norte e Nordeste, bem como secas e temperaturas muito elevadas na região Sul. No Centro-Oeste e no Sudeste, os impactos variam. Mais recentemente, a ocorrência do La Niña provocou chuvas intensas e queda de temperatura no verão.

Em artigo científico publicado este ano, Éder Comunello, Carlos Ricardo Fietz e Danilton Luiz Flumignam – pesquisadores da Embrapa Agropecuária do Oeste – afirmaram que muito do que tem acontecido recentemente pode ser atribuído à ocorrência do fenômeno, que costuma provocar irregularidade e diminuição das chuvas na Argentina, no Paraguai e na região Sul do Brasil, enquanto são esperadas mais chuvas nas regiões Centro-Oeste e Nordeste.

A região sul de Mato Grosso do Sul, onde se localiza Dourados, embora politicamente inserida no Centro-Oeste brasileiro, é – geograficamente – uma região de transição climatológica, podendo algumas vezes seguir um padrão diferente do esperado.

“A condição mais comum para essa região é seguir os padrões de La Niña indicados para o Sul do Brasil. Os efeitos tendem a ser mais pronunciados em direção ao sul do Estado e perdem força à medida que se avança para o norte, eventualmente atingindo municípios como Rio Brilhante e Maracaju”, detalham no artigo.

CHUVAS  

De acordo com dados observados na estação meteorológica da Embrapa Agropecuária Oeste, nos últimos anos, as chuvas foram irregulares e tiveram redução nos totais anuais.

Nos anos 2019, 2020 e 2021, foram registrados, respectivamente, 1.176 milímetros (mm), 1.185 mm e 1.109 mm de chuva durante o ano – uma redução de 15% a 20% frente a uma média histórica de 1.400 mm.

Além da redução no total anual, o ano de 2019 também foi marcado pelo atraso no início da estação de chuvas, esperado para o fim de setembro e início de outubro (primavera).

Depois de um mês de outubro bastante seco, as chuvas se normalizaram no fim de novembro e meses subsequentes, permitindo ainda bons resultados na safra de verão.

As condições climáticas ficaram mais difíceis no outono de 2020, quando surgiu o ciclo de La Niña, atualmente em curso. Segundo os pesquisadores, houve redução dos volumes de chuva em novembro e dezembro – meses críticos para os cultivos de verão.

Além desse impacto inicial, houve agravamento do cenário pela manutenção de La Niña por praticamente todo o ano de 2021, quando foram mantidas as irregularidades climáticas, com excesso de chuvas em janeiro e outubro, mas escassez nos demais meses.

Outro efeito de La Niña a ser destacado em 2021 foi o inverno mais rigoroso. As menores temperaturas experimentadas culminaram na maior ocorrência de geadas dos últimos anos, impactando atividades de produção, como o milho safrinha, a cana-de-açúcar e a pecuária.

Apesar das chuvas abundantes em março, ainda podem ocorrer períodos de estiagem nos meses subsequentes. Problema maior que a redução dos volumes de chuvas é a má distribuição, ou seja, excesso ou falta em momentos críticos dos cultivos.

A atuação de La Niña tem dificultado muito as previsões do tempo feitas para curto prazo. Por outro lado, as previsões feitas para longo prazo têm sido bastante certeiras nos últimos tempos.

 

Elias Luz/CorreioDoEstado










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